Páginas

segunda-feira

Deixa que eu faço!

"...não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus..." 2 Coríntios 3.5

Deixa que eu faço! Essa é a frase que mais temos ouvido do nosso filho João, que hoje está com dois anos e meio, e que em todos os momentos, desde a hora em que acorda até a hora de dormir, tem buscado afirmar de uma forma muito engraçada sua auto-suficiência. 

Poderíamos até perguntar se existe um sentimento mais infantil do que este: pensar e defender que se pode fazer todas as coisas e que se pode fazê-las sozinho como se fosse um ser independente de tudo e de todos. Eu e Joana olhamos para essa fase na vida do nosso filho e nos divertimos bastante com tudo o que vemos, sem deixar de ensiná-lo e educá-lo com muito amor, carinho e paciência. 

Hoje mesmo pela manhã, ele insistiu que deveria fazer o primeiro xixi do dia sem a ajuda de ninguém (e este é o com maior pressão e volume) e o resultado foi catastrófico, pois ele acertou tudo no banheiro, menos o vaso sanitário; e até mesmo o pobre do pai que o acompanhava nos  limites por ele estabelecidos recebeu uma dose extra enquanto o mijão dava gargalhadas.

Há alguns dias, conversava com um dos vários pais de primeira viagem, que hoje se multiplicam em nossa igreja, e falávamos justamente sobre a maneira como nossa visão acerca de Deus e de Seu amor para conosco se torna mais precisa e profunda  à partir da experiência da paternidade. Isso é fato. Mas tenho percebido também que minha visão de mim mesmo na minha relação com Deus vem sendo fortemente impactada no convívio com meu filho, que creio eu, faz parte da didática de Deus para me mostrar e ensinar muitas coisas, que de outra forma eu jamais perceberia ou aprenderia.

Deixa que eu faço! Não tenho dúvidas de que eu, com minha falta de sabedoria, orgulho e prepotência, já tenha dito essa frase, direta ou indiretamente, para Deus e para algumas pessoas. O que talvez você também já tenha feito. Pois estamos sempre buscando sustentar nossa ilusória auto-suficiência e independência.

Foi constrangedor, mas muito proveitoso perceber que aquele meu filho, de apenas dois anos e meio, brigando para sozinho e sem a ajuda de ninguém fazer as várias coisas que deseja, se assemelha demais comigo em minhas  insistentes e frustrantes brigas com Deus.

A paternidade nos ajuda a enxergar melhor a Deus como Pai que é, mas não podemos negar que ela também nos ajuda a percebermos o quanto precisamos melhorar como filhos deste Pai Celestial, pois há algumas áreas da vida que ainda tratamos como territórios independentes de Deus e que ainda defendemos dizendo: deixa que eu faço!

Tenho aprendido que embora a auto-suficiência ofereça uma idéia de liberdade, tudo o que ela pode realmente nos dar  é um caminho onde nos tornamos escravos do nosso próprio eu com seus prazeres e suas dores; enquanto que, quando firmamos nossa suficiência e dependência unicamente em Deus, provamos da verdadeira liberdade que só podemos encontrar em um Ser sem limites de amor, poder, espaço e tempo, que até deseja que façamos muitas coisas, mas nada, nada mesmo, sem Ele.

Não podemos nos esquecer de que para Deus nunca deixaremos de ser como crianças que precisam e sempre precisarão de Sua diária companhia, auxílio e provisão. 

Deus abençoe sua vida!
No amor de Cristo,
Pr. Júnior